A pseudartrose, também conhecida como “não união” óssea, é uma condição em que uma fratura não cicatriza adequadamente dentro do tempo esperado, resultando em uma falha permanente na consolidação do osso. Em vez de ocorrer a formação do calo ósseo e a consolidação progressiva, a região da fratura desenvolve uma falsa articulação, com mobilidade anormal entre os fragmentos, dor persistente e perda de função.
Causas mais comuns
Diversos fatores podem interferir na consolidação de uma fratura e levar à pseudartrose. Os principais incluem:
- Fraturas graves ou cominutivas (com múltiplos fragmentos);
- Infecção local (como a osteomielite);
- Comprometimento da vascularização óssea;
- Mobilização inadequada da fratura (seja por ausência de imobilização ou fixação instável);
- Tabagismo, que prejudica a oxigenação e a cicatrização dos tecidos;
- Doenças sistêmicas, como diabetes, osteoporose ou uso prolongado de corticoides;
- Intervenções cirúrgicas mal sucedidas ou implantes inadequados;
- Fatores nutricionais e metabólicos.
Tipos de pseudartrose
A pseudartrose pode ser classificada de diferentes formas, mas uma das classificações mais utilizadas na prática clínica é baseada na atividade biológica da fratura:
- Pseudartrose atrófica: ocorre quando há pouca ou nenhuma atividade biológica na região da fratura. O osso se apresenta sem sinais de cicatrização, geralmente por comprometimento vascular ou ausência de estímulo mecânico. Requer intervenção cirúrgica com enxertos ósseos para reativar a consolidação.
- Pseudartrose hipertrófica: há atividade biológica (o organismo tenta formar calo ósseo), mas há instabilidade mecânica que impede a consolidação. Nesses casos, o foco do tratamento é fornecer estabilidade adequada por meio de fixação rígida.
- Pseudartrose infectada: ocorre quando há presença de infecção no local da fratura, tornando o tratamento mais complexo. Além da estabilização óssea, é necessário controlar a infecção com antibióticos e, em muitos casos, realizar limpeza cirúrgica (desbridamento).
Tratamentos
O tratamento da pseudartrose é individualizado e depende de fatores como a localização da fratura, tipo de pseudartrose, presença de infecção e condições clínicas do paciente. As principais opções incluem:
- Fixação externa ou interna (placas, hastes intramedulares ou fixadores externos), com o objetivo de estabilizar o foco da fratura;
- Enxertos ósseos autólogos ou sintéticos, que estimulam a formação de novo tecido ósseo;
- Técnicas de transporte ósseo, como o método de Ilizarov, indicadas em casos complexos com falhas ósseas associadas;
- Estímulo biológico adicional, como uso de fatores de crescimento ósseo ou ondas de choque extracorpóreas, em casos selecionados;
- Controle rigoroso de infecção, quando presente;
- Correção de fatores de risco, como cessar o tabagismo e otimizar o estado nutricional.
Prognóstico
Com o tratamento adequado e acompanhamento especializado, a maioria das pseudartroses pode ser corrigida, permitindo a consolidação óssea e a recuperação funcional. Contudo, é fundamental um planejamento individualizado e abordagem multidisciplinar, especialmente nos casos complexos ou infectados.