As deformidades adquiridas são alterações na forma ou no alinhamento de um osso, articulação ou membro que surgem ao longo da vida, geralmente como consequência de traumas, infecções, doenças ou mesmo falhas em tratamentos anteriores. Ao contrário das deformidades congênitas — presentes desde o nascimento — as deformidades adquiridas se desenvolvem após o nascimento, muitas vezes de forma progressiva.

Principais causas

Várias condições podem levar ao desenvolvimento de uma deformidade adquirida, sendo as mais comuns:

• Fraturas mal consolidadas (consolidação viciosa): quando um osso quebrado cicatriza fora do alinhamento correto, resultando em encurtamento, desvio ou rotação do membro.
• Infecções ósseas (osteomielites): podem comprometer o crescimento ósseo ou levar à destruição de partes do osso, causando desvios estruturais.
• Doenças neuromusculares: como paralisia cerebral, poliomielite ou sequelas de AVC, que podem causar desequilíbrio muscular e deformidades progressivas.
• Doenças inflamatórias ou degenerativas: como a artrite reumatoide, que pode afetar as articulações e provocar deformações progressivas.
• Problemas no crescimento: em crianças e adolescentes, lesões nas cartilagens de crescimento podem resultar em assimetrias ou desvios de membros.

Principais tipos de deformidades

As deformidades adquiridas podem afetar qualquer parte do corpo, mas são mais comuns nos membros superiores e inferiores. Alguns exemplos incluem:

• Desvios angulares: como o joelho varo (pernas arqueadas) ou valgo (joelhos encostados), que podem surgir após fraturas ou alterações no crescimento.
• Encurtamento de membros: geralmente após fraturas complexas, infecções ou cirurgias.
• Rotação anormal de ossos: como pés virados para dentro ou para fora, por sequelas de trauma ou desequilíbrios musculares.
• Deformidades pós-traumáticas complexas: que combinam encurtamento, angulação e rotação.

Tratamentos disponíveis

O tratamento das deformidades adquiridas depende de vários fatores: causa, idade do paciente, localização da deformidade, impacto funcional e expectativas de resultado. As principais abordagens incluem:

1. Tratamento conservador

Em casos leves ou em pacientes com poucas queixas, pode-se optar por acompanhamento clínico, uso de órteses ou reabilitação fisioterapêutica para melhorar a função e reduzir o desconforto.

2. Tratamento cirúrgico

Em deformidades mais significativas, o tratamento cirúrgico é frequentemente necessário. As principais técnicas incluem:

• Osteotomias corretivas: são cortes planejados no osso para corrigir o alinhamento, comprimento ou rotação.
• Fixadores externos: usados para correções graduais, especialmente em casos complexos ou que envolvem alongamento ósseo.
• Fixação interna com placas e parafusos: indicada para deformidades menores ou quando é possível realizar a correção em um único tempo cirúrgico.
• Alongamento ósseo (quando há encurtamento): realizado com dispositivos especiais que permitem o crescimento ósseo controlado ao longo do tempo.

O planejamento do tratamento é individualizado e pode envolver o uso de exames de imagem, análise tridimensional da deformidade e tecnologia de impressão 3D para simulação da cirurgia.